Ad brevitatis causæ

"Como se se pudesse matar o tempo sem lesar a eternidade" Henry Thoreau (1817 - 1862) Ano XIV

10.4.21

Momentum: "Carpe Diem" (1 420)


Para além da questão sobretudo de educação e feminista, também é bom não esquecer que o "Sofá Gate" revela o monstro burocrático e institucional que se tornou a União Europeia, onde já faltam cadeiras e sobram presidentes.

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6.4.21

Bibliofilia: "The Razor's Edge" (1944)

[ 171 ] Somerset Maugham, The Razor's Edge (1944), Vintage, Londres, ed. 2000 (pp. 341). Embora pouco convencional, o autor é narrador e simultaneamente personagem, o livro é absolutamente extraordinário, na forma despretensiosa como confronta o materialismo vs. o espiritual, a frivolidade vs. a metafísica, e mais eclético do que o Siddhartha do Herman Hesse. Com seis personagens cativantes, sendo a central o jovem idealista Larry Darrell, e das quais Elliott Templeton, um hedonista e snobe de grande generosidade, embora não sendo a principal, será talvez a mais fascinante, e muitos Americanos em Paris no entreguerras. E é muito curioso como Maugham abusa das expressões "make head or tail of it" e "to cut a long story short."

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28.3.21

Bibliofilia: "The Cry of the Owl" (1962)

[ 170 ] Patricia Highsmith, The Cry of the Owl (1962), Vintage Books, Londres, ed. 1999 (pp. 254). No ano em que se comemora o centenário do seu nascimento, eis o livro mais kafkiano de Highsmith, onde a solidão, a claustrofobia, obsessão a culpa são temas recorrentes. A escrita crua, a narrativa austera, não propiciam finais surpreendentes ou inesperados e não há espaço para a lógica ou racionalidade. Robert Forester é vítima de obsessão, ciúme e ódio e, como se não bastasse, é acusado de um crime que não cometeu, mas que tem muita dificuldade em provar a sua inocência. Como sempre, os personagens principais da obra de Highsmith são homens solitários com mães possessivas, o que não é o caso deste apenas quanto ao poder maternal.

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20.3.21

Bibliofilia: "The Radetzky March" (1932)

[ 169 ] Joseph Roth, The Radetzky March (1932), Granta Books, ed. 2018 (pp. 369). Drama histórico, repleto de convenções sociais e tradições militares da Mitteleuropa, épico e deveras cinematográfico, a narração não é intimista, não interpela o leitor, mas omnisciente, o que é agradável e de fácil leitura. Essencialmente retrata três gerações da família eslovena von Trotta, cuja ascensão e declínio coincide com o auge e ocaso do Império Austro-Húngaro, onde os valores, o compromisso, o heroísmo e a galhardia militar vão sucumbido com o passar do tempo tragado pelas novas gerações. O primeiro Trotta ganha o título depois de salvar o próprio imperador na Batalha de Solferino (1859), mas o terceiro e derradeiro sucumbe ao vício do jogo e às dívidas.

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19.2.21

Bibliofilia: "The Bird's Nest" (1954)

[ 168 ] Shirley Jackson, The Bird's Nest (1954), Penguin Classics, ed. 2014 (pp. 256). Jackson foi precursora de Stephen King, mas, mais realista, criou um genial e perturbador thriller psicológico sobre a doença mental e transtornos de personalidade, conseguido extrair o máximo de diferentes personagens agregadas num só corpo: Elizabeth, ou Beth, ou Betsy, ou Bess, encarna diferentes eus em diferentes fases da sua vida, apesar de ter apenas vinte e cinco anos. Vive sozinha com uma tia amargurada e procura ajuda num médico psicólogo que, através da hipnoterapia, vai descobrir que aquele comportamento com múltiplas personalidades tem origem no trauma da morte da mãe que não teve uma vida muito ortodoxa. Jackson e Highsmith são contemporâneas e tem algumas características semelhantes, ambas tem personagens principais que representam o lado obscuro do carácter humano, órfãs, abandonadas e maliciosas, embora em Jackson sejam femininas e em Highsmith homens.

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15.2.21

Bibliofilia: "The Talented Mr Ripley" (1955)

[ 167 ] Patricia Highsmith, The Talented Mr. Ripley (1955), Vintage, ed. 1999 (pp. 258). Apropriado na celebração do centenário do nascimento da escritora, que tem cerca de trinta obras publicadas, entre elas uma pentalogia com este Tom Ripley, que, apesar de ter algo daquelas personagens niilistas tão fascinantes dos famosos escritores russos do séc. XIX, perverso, obscuro, errante, desprovido de moral, é um hedonista. O assassinato de Dickie Greenleash deu o mote para a formação da personagem. Compelling e engrossing são encómios demasiado gastos nas contra-capas dos livros, mas aqui justamente merecido, com Itália como cenário, são duzentas e cinquenta e oito páginas que se lêem vorazmente.

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5.2.21

Momentum: "Carpe Diem" (1 419)


15.° Aniversário

O ritual repete-se nesta data, justamente coincidente com o aniversário de Cristiano Ronaldo, décimo quinto aniversário. Quinze anos já são bodas de cristal e, entre outros predicados, o da dedicação merece ser especialmente aqui destacado. Também revelado no renaming de Quem Ousa, Vence!, primeiro, para Logos, até chegar aqui: Ad brevitatis causæ.

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31.1.21

Bibliofilia: "Memento Mori" (1959)

[ 166 ] Muriel Spark, Memento Mori (1959), Virago, ed. 2018 (pp. 226). O segundo livro lido em Janeiro é peculiarmente excepcional em tudo e sobretudo na forma como retrata a maldade, a calúnia, a traição, a intriga e o rancor de pessoas idosas, cujo senso comum espera ter chegado a altura da expiação dos seus pecados e virtuosamente ajustem contas com o passado. Com um vasto grupo e heterogéneo de personagens ligadas entre si por um passado em comum, com suficiente suspense, bastante ironia e a sabedoria que só os velhos aparentemente frágeis conseguem exibir. Um tema que, poderia ser deprimente e melancólico, é transformado numa extraordinária história também sobre a condição humana.

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29.1.21

Bibliofilia: "Housekeeping" (1980)

[ 165 ] Marilynne Robinson, Housekeeping (1980), Faber & Faber, ed. 2005 (pp. 219). Obra de uma prosa maravilhosa, onde cada frase parece ter sido reflectida, amadurecida e escolhida a dedo, é também possuidora de um ritmo lento que combina bem com o tema do abandono, da solidão, da melancolia e daqueles que não passam pela vida senão como meros transeuntes. Narrado pela voz da principal protagonista, Ruth, uma criança que, embora não seja tão explícito para fazer do romance um Bildungsroman, conta a história da família, que se confunde no espaço-tempo com a cidade onde vive, Fingerbone, no noroeste dos Estados Unidos, onde locais marcantes como a ponte, a linha férrea e o rio, servem de simbolismo ao dramático desenrolar da vida desta família, moldando o passado, presente e futuro.

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27.1.21

Momentum: "Carpe Diem" (1 418)


Dia marcante o de hoje, quando um hedge-fund, o Melville Capital, que fez short-selling – aposta na queda das acções – duma empresa debilitada, no caso a GameStop, é ele próprio forçado a solicitar socorro ao assumir perdas gigantescas, porque um grupo substancial de indivíduos, pequenos investidores, se concertaram no Reddit e sustentaram sempre o preço da carcaça moribunda em valorizações contínuas. O David a ganhar ao Golias ou todo o simbolismo da Fearless Girl que em Wall Street confronta o mercado Bull.

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24.1.21

Momentum: "Carpe Diem" (1 417)


Dizem que uma abstenção superior a 50%, nas eleições Presidenciais 2021, durante o auge duma pandemia, no país com o maior número de casos por milhão de habitantes do mundo, é preocupante para a democracia. Querem as taxas de participação da Coreia do Norte? Abster-se não é um acto democrático?

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23.1.21

Momentum: "Carpe Diem" (1 416)


Não existirá algo de errado quando uma democracia necessita constantemente de apelar ao voto, em todas as eleições, e se recusa a adiar as eleições Presidenciais de 2021, no auge duma pandemia, que está descontrolada, no país do mundo com maior número de casos por milhão de habitantes?

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30.12.20

Quantum Satis: Vícios privados, públicas virtudes (112)


O ano promete ser profícuo em leitura, muito ficou ainda por ler do que foi comprado. Em Inglês, porque são mais baratos, mesmos com os portes. As traduções e edições em Portugal fazem-se pagar caro. E porque, se possível, é melhor ler no original, embora para os clássicos russos do séc. XIX, o casal Guerra, Filipe e Nina, são excelentes profissionais. Agora é esperar que o Brexit não lixe as encomendas da Amazon.UK.

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28.12.20

Quantum Satis: Vícios privados, públicas virtudes (111)

Eduardo Prado Coelho dizia que até a lista telefónica merecia leitura, assim eis a bibliografia de 2020, tanto densa como prosaica, da mais recente (em cima, Dezembro) até ao mais antigo (em baixo, Janeiro). Foram lidos 16 livros de 27 comprados. Os lidos não foram necessariamente todos os comprados. Os dois da Agatha Christie e o Raymond Chandler tinham sido comprados o ano passado. O de Julian Fellowes ficou na p. 209/pp. 505. Por razões óbvias, foi um dos melhores anos para a leitura. O que é possível verificar uma vez que este blogue vai fazer quinze anos e tem 164 entradas sobre livros acabados de ler. Não chega a uma média de um livro por mês, dá 10,9 livros/ano.

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27.12.20

Bibliofilia: "The End of The Affair" (1951)

[ 164 ] Graham Green, The End of The Affair (1951), Vintage, ed. 2004 (pp. 160). Greene criou uma obra-prima e numa prosa maravilhosa – onde o que menos importa é ser ou não um roman à clef – conseguiu construir personagens muito humanas usando precisamente o seu agnosticismo. Este é um dos seus quatro considerados romances católicos. A história de amor entre Maurice Bendrix e Sarah casada com Henry, ministro das Pensões e depois do Interior, é também um adultério de certa forma consentido. Maurice é um escritor que se aproxima de Henry e cultiva uma amizade com o propósito de construir e desenvolver uma personagem do livro que se encontra a escrever. É a descrição minuciosa dos métodos de escrita e um caso amoroso que Greene teve com Lady Catherine Walston que origina a suspeição de que Maurice poderia ser o seu alter-ego. A forma como a narrativa está construída, com um narrador omnisciente e as constantes dúvidas sobre a existência de Deus que conhece tudo, também servem de análise ao papel de um narrador consciente. Ou seja, também há uma história de livros dentro do livro, fazendo deste um quase meta-livro.

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20.12.20

Bibliofilia: "How Fiction Works" (2008)

[ 163 ] James Wood, How Fiction Works (2008), Vintage, ed. 2019 (pp. 206). Há um indistinto sentimento de realização pessoal quando tantas obras aqui citadas – para ilustrar o discurso indirecto livre, que reduz o gap entre o autor e a personagem, e o tempo da narrativa ou também o flâneur ou a mock-heroic – já foram lidas. Um meta-livro sobre narrativa, detalhe, personagem, forma, linguagem e realismo, a que se deve voltar muitas vezes, que só peca pela admiração de James Wood por Henry James e a omissão de The Murder of Roger Ackroyd da Agatha Christie, numa análise de como a ficção funciona e a crítica deve ser.

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9.12.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 415)


Há aqui simbolismo e espantoso humor inglês; depois de meses a salientar que foi em confinamento, por causa da peste, em Stratford-upon-Avon, que o bardo escreveu as melhores obras como o Rei Lear, o segundo cidadão britânico a ser vacinado chamava-se William Shakespeare e a subtileza confirma-o, ao não ter sido o primeiro.

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8.12.20

Bibliofilia: "Normal People" (2018)

[ 162 ] Sally Rooney, Normal People (2018), Faber & Faber, ed. 2019 (pp. 266). Criticado por ser pouco literário e muito dialogado, é esse ritmo que é cativante e a ambiguidade entre a impossibilidade de um amor ao estilo de Henry James com o progressismo duma vida sexual activa, culminando numa angústia emocional latente em millennials. O livro é melhor do que a série, esta perde muito do ritmo pela melancolia dos protagonistas, o que é parcialmente compensado pelas escolha músical de Stephen Rennicks. Não deixa de ser uma das melhores histórias de friends-with-benefits thing.

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7.12.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 414)


Marisa Matias critica a venda da Fidelidade pelo NB ao Apollo, quando foi a seguradora Tranquilidade, e ainda a bola não tinha caído no chão já Sousa Tavares mandava os telespectadores avançar dois canais para seguirem o resto da entrevista na TVI24, de quatro para sete vão três.

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28.11.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 413)


Não é só a gestão macro desta crise pandémica que está cheia de ambiguidades, a micro também: há funções que não estão sujeitas a tele-trabalho com justificação de impossibilidade, mas, se alguém com essa função ficar infectado, é-lhe sugerido ficar em tele-trabalho durante o isolamento. Isto há muito que não está para gente séria, apelidados de "anjinhos". Até se consegue colocar na mesma frase o cumprimento das regras com o alcançar dos objectivos a qualquer preço; e ninguém se apercebe.

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26.11.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 412)


Três anos e três mil milhões de euros depois, o Bloco de Esquerda, PCP, PSD e PAN condicionam a injecção duma das últimas tranches do mecanismo de capital contingente do Novo Banco, no valor de 476 milhões de euros, ao resultado de uma auditoria do Tribunal de Contas, arriscando a que esse montante, ou mais, seja pago em subsídios de desemprego, se o banco falhar as metas impostas pelo BCE, colocando em causa a já vulnerável restante banca nacional, o acesso do Estado português ao financiamento dos mercados internacionais, um elevado custo em litigância e a uma pesadíssima indemnização por incumprimento de contrato com a Lone Star. No loto era de certeza linha.

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15.11.20

Bibliofilia: "The Bookshop" (1978)

[ 161 ] Penelope Fitzgerald, The Bookshop (1978), Fourth Estate, ed. 2013 (pp. 156). Hardborough também é uma comunidade exígua e fechada sobre si mesma como Battersea Reach, mas tem mais conflito e, como tal, mais ritmo, o que não deve ser alheio à sua adaptação ao cinema e ainda ao facto de tornar a sua leitura mais prazenteira. O livro é fascinante, com apontamentos de erudito humor e um final triste. Mas isso é característico de Fitzgerald, tal como a maioria das suas principais personagens são underdogs. A narrativa decorre em 1959, e a personagem principal consegue destacar-se pelo seu carisma, integridade, resistência e coragem. E, como é característico nos romances de Fitzgerald, destaca-se também uma jovem de onze anos, pela sua maturidade, forte personalidade e assertivas observações. A comunicação epistolar trocada entre Florence e o seu solicitador é hilariante, bem como as intervenções que esta tem junto do gerente do banco. Obviamente, tudo gente muito pragmática e obtusa.

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14.11.20

Bibliofilia: "Offshore" (1979)

[ 160 ] Penelope Fitzgerald, Offshore (1979), Fourth Estate, ed. 2013 (pp. 181). Fitzgerald (1916 - 2000) escreve com economia de meios e conhecimento de causa. Concisa e sóbria, aqui aposta sobretudo na insegurança dos adultos por contraste com a maturidade e forte personalidade das crianças, só isso já reflecte a sua subtil ironia. A exígua e fechada comunidade de Battersea Reach vive em barcaças, junto ao Tâmisa, numa constante instabilidade de pertença entre o mar e a terra, em permanente conflito entre o desejo de estabilidade e o gosto pela vertigem do perigo, no início dos anos sessenta (1961 - 1962). Não existe uma personagem que cative pelo seu carisma, embora Nenna James assuma uma preponderância maior pelo facto de ser mãe das duas crianças que moldam bastante todo o enredo. O livro viria a ganhar o Booker Prize do mesmo ano.

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7.11.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 411)


O Eduardo um dia mandou um email com um convite para expor um texto e uns sketches no site dele, ainda na fase embrionária dos USk, queria divulgar gente fora do mundo das artes que gostasse de desenhar compulsiva e espontaneamente. Os mil quatrocentos e onze desenhos até hoje aqui expostos são também certamente fruto do seu incentivo e exemplo. Até sempre.

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6.11.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 410)



BBC projecta Biden (279) também vencedor no Nevada (6). Na noite da #Election2020⁠ ⁠, quando o Texas (38), o Iowa (6), Ohio (18) e Florida (29) caíram para o lado do Trump, poucos acreditavam. Ora o Alasca (3) não pode escapar a Trump, sempre fica mais perto de Lavrentiya, Chukotka.

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5.11.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 409)


A ambiguidade sempre foi em crescendo, anos, meses, dias, horas até que agora culmina na mesma frase. Numa mesma frase, por incrível que pareça, é possível dizer uma coisa e o seu contrário. E não são oxímoros. Deixou de existir qualquer preocupação com a coerência.

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31.10.20

Bibliofilia: "The Eternal Husband" (1870)

[ 159 ] Fiódor Dostoiévski, The Eternal Husband (1870), Alma Classics, ed. 2018 (pp. 179). Segundo livro de Outubro, mês profícuo. Para além das personagens densas e interessantes de Dostoiévski, que opõem o dominador e predador vs. o pacífico e submisso, está sempre presente as noites de Verão de S. Petersburgo cujo Sol nunca baixa totalmente da linha do horizonte, as noites brancas, que perturbam a mente. Esse fenómeno deu origem ao Noites Brancas (1848), publicado antes deste (1870), mas têm em comum o triângulo amoroso; no primeiro, a jovem apaixonada que é enganada por uma promessa e tentada por uma alternativa, neste, o tradicional tema do corno que é alvo de maledicência. Velchaninov e Trusotsky reencontram-se para, em vez de reatarem uma amizade do passado, se recriminarem por uma traição com nove anos, tema também já visto em As Velas Ardem Até ao Fim (1942) do húngaro Sandór Márai. Extraordinário o conflito psicológico entre o marido enganado e falhado, Trusotski, e o amante traidor e vitorioso, Velchaninov, com a ascendente superioridade moral do enganado na vitimização do traidor e constantes mudanças de atitude entre ambos.

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Bibliofilia: "The Long Call" (2019)

[ 158 ] Ann Cleeves, The Long Call (2019), ed. Pan Books 2020 (pp. 375). Mais um policial. O livro de Outubro revelou uma preocupação tão grande da autora em criar uma nova personagem, que desse para o ganha-pão de uma nova série, depois de ter criado Shetland e Vera, que levou a que se esquecesse de trabalhar o plot, numa história ausente de twists e sem conseguir prender o leitor ao característico whodunit. Matthew Venn é um discreto, sóbrio e tradicional inspector-chefe da polícia de North Devon, que não se pode considerar um conservador sendo casado com um homem. Tirando isso não há vícios, não há especiais qualidades dedutíveis, não há obsessões compulsivas, nada. Tem um passado conflituoso com os pais religiosos mas não passa de um insonso.

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22.10.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 408)


Os sites deviam de ter uma pop-up a questionar se já instalou a app StayAway Covid no smartphone logo a seguir à pop-up que questiona se concorda com a política de privacidade e a política de cookies.

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17.10.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 407)


Indivíduo é obrigado pelo Governo a instalar a app StayAway Covid no smartphone para, caso seja infectado, voluntariamente inserir código que o SNS não está a passar e evitar ser multado pela polícia. Stay tuned.

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11.10.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 406)


Uma das perguntas da Linha Saúde 24, em caso de suspeita de COVID-19, é se esteve em contacto com a pessoa infectada mais de quinze minutos num espaço fechado, então por que motivo colocam a hipótese de obrigar as pessoas a andar de máscara na rua?

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5.10.20

Bibliofilia: "The Guardians" (2019)


[ 157 ] John Grisham, The Guardians (2019), Hodder & Stoughton, (pp. 373). Mais uma história, em trinta e três, sobre as falhas do sistema judicial norte-americano e os abusos raciais nos Estados rednecks, num caso passado em 1998, mas reaberto vinte e dois anos depois. Cullen Post é um advogado frustrado que deixou de exercer após uma depressão, tornou-se padre de uma congregação e agora membro de uma organização sem fins lucrativos cuja missão é libertar presos injustamente acusados, por falhas na investigação, incriminação, conspiração ou racismo, muitos no corredor da morte. Talvez demasiado extenso, mas baseado num caso real que, ao contrário do livro, não terminou bem. Aliás, é raro um Grisham não ter um final feliz, mas permite conhecer muito bem os Estados Unidos e a sua diversidade e, neste caso, aprender o que é um affidavit.



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15.8.20

Bibliofilia: "Postern of Fate" (1973)


[ 156 ] Agatha Christie, Postern of Fate (1973), Harper Collins, ed. 2015 (pp. 325). Mais uma aventura do casal maravilha, Tommy e Tuppence Beresford, que adquire uma casa e, logo por coincidência, está cheia de mistérios ligados a espionagem e crimes. Foi ao segundo livro, depois de diálogos tão simples, básicos e ingénuos, tantas coincidências forçadas e até alguma preguiça revelada, que deu para perceber que isto faz parte de um tipo de romances para jovens, ou, como se diz agora, young adult, embora as personagens principais e a trama seja conduzida pela gerontocracia. Vindo da autora e criadora de Hercule Poirot, era de esperar mais. Mas esta série de Partners in Crime também só tem cinco obras, face às trinta e nove aventuras de Hercule Poirot, por algum motivo.

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5.8.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 405)


Parece que um jovem, António Rolo Duarte, deu uma entrevista hoje ao Público queixando-se do atraso da bolsa da FCT para tirar o doutoramento em Cambridge e criou um crowdfunding para angariar os fundos necessários, tendo sido fulminado pela indignação das redes sociais, o que não é nada difícil, por não optar por trabalhar para financiar o PhD. É um virtuoso, porque as empresas estão a abarrotar de gente que só atrapalha, sinecuras que aumentam a burocracia e os custos de contexto para se manterem ocupadas e fazerem prova de vida.

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2.8.20

Bibliofilia: "N or M?" (1941)

[ 155 ] Agatha Christie, N or M? (1941), Harper Collins, ed.  2015, (pp. 243). A acção é praticamente contemporânea à publicação do livro, pois decorre na primavera de 1940. Como o mundo não é feito só de literatura experimental, eis uma história ligeira entre a espionagem e o policial que também vai bem no estio, embora as personagens Tommy e Tuppence Beresford não tenham o carisma, a stamina ou a gravitas de Hercule Poirot. Envolve a suspeita duma Quinta Coluna, um Cavalo de Tróia, ou seja, espiões nazis, ou Ingleses com afinidades nazis, infiltrados dentro do Reino Unido preparando o dia da invasão da Alemanha. Há muita cumplicidade entre o casal e uma ténue tentativa de ironia, não muito bem conseguida, com a vida pacata e pública que eles parecem levar e a que na realidade de forma privada levam.

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24.7.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 404)


O episódio diz muito sobre a organização do trabalho e a gestão de recursos em Portugal e o porquê de se trabalhar tanto e produzir tão pouco. A instalação hoteleira tem um bar com snooker, mas o jogo está encafuado, meio escondido, numa sala pequena que dá para uma entrada secundária de uma loja de roupa que tem uma parede toda em vidro, ideal para uma bola que salte da mesa. Numa zona lateral, não se consegue manusear o taco sem que este bata na parede, quando bastava centrar mais a mesa uns dez centímetros para o lado. Agora improvisaram e viraram a mesa de snooker ao contrário. A cabeceira da mesa, onde se mete a moeda e se dá a tacada forte para abrir o jogo, está voltada para a parede de vidro da loja, pelo que se torna muito perigoso jogar sem ter um bom seguro de responsabilidade civil. Dizem que os tempos estão difíceis para os negócios, mas apenas com o simples investimento de repor a cabeceira da mesa para o lado onde já esteve e afastá-la dez centímetros para o centro, poderia representar uma fonte adicional de receita (um euro cada jogo) sem qualquer custo. A sugestão foi deixada ao senhor do bar que pediu para ser dada à senhora da recepção que, por sua vez, devolveu ao senhor do bar. O que diz muito também de outra coisa, a motivação dos colaboradores. Bem podem encharcar isto outra vez de dinheiro da União Europeia que o Mark Rute é que tem razão. É preciso saber onde vamos gastá-lo.

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23.7.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 403)


Numa observação sociológica de praia, devidamente complementada por uma pesquisa no Google, pode-se concluir que Gonçalo Uva é invulgarmente alto (2,02m), mas já a Carolina Patrocínio, notoriamente baixa, não é pública a sua altura. Esta sociedade só permite sucesso e grandeza.

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22.7.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 402)


O regresso de Jorge Jesus ao Benfica representa o que de pior tem o futebol, não pelo valor do treinador em questão, que também não é assim tanto quanto se pensa, mas sobretudo porque é afirmar tudo e o seu contrário. Foi mandado embora porque não apostava na formação e o importante era a estrutura do futebol e não o treinador, desviou-se para o Sporting, alimentou conspirações de um presidente lunático com o caso dos vouchers contra o clube que o projectou para a ribalta, enxovalhou o colega de profissão Rui Vitória, foi processado para pagar uma ridícula e suposta indemnização de seis milhões de euros (um euro por cada adepto) e volta em triunfo para que um Presidente, que diz tudo e o seu contrário, se mantenha agarrado ao poder, talvez por razões que um dia se saberá. O tempo nestas coisas costuma ter poderes curativos. Agora, vai ter à disposição todo um plantel recheado de estrelas internacionais a custo de oportunidade, coisa que nem Rui Vitória, responsável pelo sucesso de Renato Sanches e Gonçalo Guedes, nem Bruno Lage, responsável pelo sucesso de João Félix, tiveram. Para bem dos benfiquistas que têm vergonha na cara é bom que não seja necessário ligar os aspersores e apagar as luzes depois de uma derrota em casa com o rival directo que dá o título, nem tenha de ajoelhar numa derrota em casa do mesmo rival que também o fará perder o título. Dizem que no futebol interessa é ganhar, isto são balelas, lirismo, a sportiguização do Benfica, então, não se queixem quando o adversário fizer o mesmo para ganhar a qualquer preço.

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12.7.20

Momentum: "Carpe Diem" (1 401)


‪Preparar a época 2020/2021 do Benfica: mais do que um Jorge Jesus e um carrossel de jogadores, é necessário um Luisão, um Renato Sanches, um João Félix e um Jonas. O treinador pode ser qualquer um que não tenha receio de trocar o 4-4-2 por um 4-3-3, quando for preciso.‬

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11.7.20

Bibliofilia: "The Only Story" (2018)

[ 154 ] Julian Barnes, The Only Story (2018), Vintage, ed. 2019 (pp. 213). Parece que Barnes insiste em histórias de homens velhos debatendo-se com o sentido da existência, o tempo e a natureza escorregadia da memória, abusando da melancolia e da intimidade da escrita sempre numa história de amor. Dostoiévski e Turguénev faziam-no de forma mais interessante sobre a natureza humana em vez das relações amorosas. A história de amor em si, é a história da relação de um adolescente universitário de dezanove anos, Paul Roberts, e uma mulher madura de quarenta e oito anos, casada e com duas filhas (pouco exploradas na narrativa), Susan Macleod. Sobre o primeiro amor. Sobre a intensidade do amor, como é questionado logo no início, se é preferível amar demais e sofrer demais, ou amar menos e sofrer menos. Paul Roberts é um underdog, mas essa virtude não o torna numa personagem cativante e a referência a Max Verstappen para simbolizar a audácia da juventude parece despropositada e algo deslocada. O livro está dividido em três partes, cuja única virtude é separar o sujeito da narrativa, na primeira mais na primeira pessoa, na segunda mais na primeira e segunda pessoa e, na terceira e última, mais na segunda e terceira pessoa. Se o livro é sobre o tempo, este custa um pouco a passar estando a lê-lo.

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5.7.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 400 )


A dinamização comercial duma equipa passa por definir objectivos concretos num determinado prazo e ir fazendo pontos-de-situação recorrentes com determinada periodicidade. Assim, um objectivo estipulado de um mês pode ter  follow-up semanal. Até aqui tudo bem. Parece razoável. O que acontece quando na primeira semana não surgem os resultados pretendidos,? O ideal seria detectar e perceber as dificuldades, fazer um acompanhamento próximo no terreno, lado-a-lado, ajudar a estudar alternativas, novas abordagens, novos alvos. Só que isso dá trabalho de coaching, acaba por ser mais fácil deixar de pedir a evolução semanal para passar a pedir a desempenho diário (e se, mesmo assim, não resultar, por que não de hora a hora, ou minuto a minuto?), que é a receita para o desastre. Quando se faz demasiada pressão, até um objecto delicado como uma rocha de granito rebenta, quanto mais um duro, maciço e rijo ser humano. Há estruturas que abanam imenso com sismos mas nunca caem; porque são flexíveis ou de ferro temperado.

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4.7.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 399 )


Numa decisão sem precedentes, o Governo britânico proibiu a viagens dos seus compatriotas para Portugal devido ao agravamento com o aumento diário de casos de infectados por SARS-CoV-2 na área da Grande Lisboa. Os turistas britânicos vêem-se assim impedidos de visitar a Amadora, Loures, Odivelas, Azambuja, S. Domingos de Rana, Mem Martins, Cacém e as Colinas do Cruzeiro.

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3.7.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 398 )


O que de pior poderia acontecer a uma economia fluorescente de sucesso baseada apenas no turismo e derivados, e.g., alojamento local, reabilitação urbana, restauração, hotelaria, cimeiras, eventos, concertos, imobiliário, Tuk-Tuks, a não ser um atentado terrorista que incutisse o receio nos estrangeiros? Uma pandemia global.

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28.6.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 397 )


Do thriller policial, a primeira temporada de True Detective (HBO) é a melhor das três, embora a terceira e última também seja interessante. Mindhunter (Netflix) é extraordinária. Peaky Blinders (Netflix) tem os melhores twists na quarta e penúltima temporada. Todas as temporadas de The Wire (HBO) são excelentes e a britânica Line of Duty (RTP2) é bastante razoável. A avaliar pelo primeiro episódio, o policial noir Perry Mason (HBO) não parece nada promissor, ao contrário de Boardchurch (Netflix).

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21.6.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 396 )


A noticia trágica do suicídio do famoso actor Pedro Lima na Praia do Abano, em Cascais, ontem, veio recordar a excelente entrevista do hedonista Herman José à estridente Júlia Pinheiro esta semana. A dada altura, ao falar sobre a mãe Odette Kripphal e uma depressão que ela teve de curar, Herman contou que é curioso, pois ao contrário da depressão, numa constipação ninguém pergunta por que motivo a pessoa está doente se tem sucesso, é talentosa, famosa, bonita, rica e tem tudo para ser feliz.

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20.6.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 395 )


Não é de agora, mas já havia uma vincada tendência para ser forte com os fracos e fraco com os fortes, daí, por exemplo, ser mais fácil actuar em matilha, ou bater em alguém já no chão do que na mó de cima, agora surgiu a tendência de bater, eliminar e destruir algo inerte como estátuas. Seguem fortes.

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14.6.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 394 )


Quer a morte de George Floyd, no passado dia 25 de Maio, com uma manobra de estrangulamento, quer a morte de Rayshard Brooks, que resistiu à polícia com um taser tomado aos agentes, na sexta-feira, 12 de Junho, em Atlanta, e levou três tiros da polícia, o que revelam é uma gigantesca falta de preparação da polícia na luta corpo-a-corpo ou defesa pessoal. Deve haver alternativas, entre estrangulamento e abater a tiro, para imobilizar em segurança um cidadão que resista a uma detenção.

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13.6.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 393 )



‪Os mais necessitados terão sempre a Dra. Raquel Varela, para quem os pobres são os que mais iPhones têm, ou a Dra. Clara Ferreira Alves, que nunca viu um polícia negro em Portugal e com frequência deixa cair um "isso é conversa de taxista". A Esquerda caviar está sempre ao lado dos pobres, nunca no meio deles.‬

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12.6.20

Bibliofilia: "The Big Sleep" (1939)



[ 153 ] Raymond Chandler, The Big Sleep (1939), Penguins Books, ed. 2011 (pp. 251). O famoso e durão detective Philip Marlowe é contratado pelo moribundo general Guy Sternwood para descobrir quem está a chantageá-lo. A investigação, no seio de gente muito pouco recomendável, vai direito à sua própria família por outros motivos. As duas filhas do general, Carmen, mais nova, e Vivian, mais velha, têm comportamentos e companhias pouco recomendáveis. Meia dúzia de cadáveres e dezenas de balões de whiskey depois, descobre-se o sarilho em que um homem se pode meter por não ir para a cama com uma mulher bonita e rica. Que anacronismo.

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11.6.20

Momentum: "Carpe Diem" ( 1 392 )



Os campeonatos de futebol profissional começaram, mas no geral os jogos têm sido de uma pobreza atroz. Primeiro começou a Bundesliga e havia um desconto a dar porque o Bayern de Munique, como sempre, passeia o seu belo domínio. Depois começou a Liga NOS portuguesa e foi um pavor, o FCP perdeu, o Benfica empatou, em jogos sofríveis cujo resultado é o menos importante. Na segunda jornada do desconfinamento, o FCP ganhou três pontos aos seis minutos com um pontapé de um jogador com nome de vírus que chutou para onde estava virado e o Benfica mais uma vez empatou. Veio a meia-final da Taça de Itália, entre a Juventus e o AC Milan, que lançava grandes expectativas para ver Cristiano Ronaldo, e o melhor dos mundo desperdiça um penálti com um potente remate ao poste. A Juventus a jogar contra dez, por expulsão com cartão vermelho a um jogador do AC Milan, não conseguiu ganhar e o resultado fixou-se em zero-a-zero. A falta de público nos estádios não pode justificar tudo. Os sintomas da SARS-CoV-2 são tosse (39%), febre (29%), cefaleia (20%), dificuldade respiratória (11%), dores musculares (21%), fraqueza generalizada (15%) e indisposição para praticar futebol profissional (95%).

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