O regresso de Jorge Jesus ao Benfica representa o que de pior tem o futebol, não pelo valor do treinador em questão, que também não é assim tanto quanto se pensa, mas sobretudo porque é afirmar tudo e o seu contrário. Foi mandado embora porque não apostava na formação e o importante era a estrutura do futebol e não o treinador, desviou-se para o Sporting, alimentou conspirações de um presidente lunático com o caso dos
vouchers contra o clube que o projectou para a ribalta, enxovalhou o colega de profissão Rui Vitória, foi processado para pagar uma ridícula e suposta indemnização de seis milhões de euros (um euro por cada adepto) e volta em triunfo para que um Presidente, que diz tudo e o seu contrário, se mantenha agarrado ao poder, talvez por razões que um dia se saberá. O tempo nestas coisas costuma ter poderes curativos. Agora, vai ter à disposição todo um plantel recheado de estrelas internacionais a custo de oportunidade, coisa que nem Rui Vitória, responsável pelo sucesso de Renato Sanches e Gonçalo Guedes, nem Bruno Lage, responsável pelo sucesso de João Félix, tiveram. Para bem dos benfiquistas que têm vergonha na cara é bom que não seja necessário ligar os aspersores e apagar as luzes depois de uma derrota em casa com o rival directo que dá o título, nem tenha de ajoelhar numa derrota em casa do mesmo rival que também o fará perder o título. Dizem que no futebol interessa é ganhar, isto são balelas, lirismo, a sportiguização do Benfica, então, não se queixem quando o adversário fizer o mesmo para ganhar a qualquer preço.
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