Ad brevitatis causæ

"Como se se pudesse matar o tempo sem lesar a eternidade" Henry Thoreau (1817 - 1862) Ano XIV

27.12.20

Bibliofilia: "The End of The Affair" (1951)

[ 164 ] Graham Green, The End of The Affair (1951), Vintage, ed. 2004 (pp. 160). Greene criou uma obra-prima e numa prosa maravilhosa – onde o que menos importa é ser ou não um roman à clef – conseguiu construir personagens muito humanas usando precisamente o seu agnosticismo. Este é um dos seus quatro considerados romances católicos. A história de amor entre Maurice Bendrix e Sarah casada com Henry, ministro das Pensões e depois do Interior, é também um adultério de certa forma consentido. Maurice é um escritor que se aproxima de Henry e cultiva uma amizade com o propósito de construir e desenvolver uma personagem do livro que se encontra a escrever. É a descrição minuciosa dos métodos de escrita e um caso amoroso que Greene teve com Lady Catherine Walston que origina a suspeição de que Maurice poderia ser o seu alter-ego. A forma como a narrativa está construída, com um narrador omnisciente e as constantes dúvidas sobre a existência de Deus que conhece tudo, também servem de análise ao papel de um narrador consciente. Ou seja, também há uma história de livros dentro do livro, fazendo deste um quase meta-livro.

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