Ad brevitatis causæ

"Como se se pudesse matar o tempo sem lesar a eternidade" Henry Thoreau (1817 - 1862) Ano XIV

31.10.20

Bibliofilia: "The Eternal Husband" (1870)

[ 159 ] Fiódor Dostoiévski, The Eternal Husband (1870), Alma Classics, ed. 2018 (pp. 179). Segundo livro de Outubro, mês profícuo. Para além das personagens densas e interessantes de Dostoiévski, que opõem o dominador e predador vs. o pacífico e submisso, está sempre presente as noites de Verão de S. Petersburgo cujo Sol nunca baixa totalmente da linha do horizonte, as noites brancas, que perturbam a mente. Esse fenómeno deu origem ao Noites Brancas (1848), publicado antes deste (1870), mas têm em comum o triângulo amoroso; no primeiro, a jovem apaixonada que é enganada por uma promessa e tentada por uma alternativa, neste, o tradicional tema do corno que é alvo de maledicência. Velchaninov e Trusotsky reencontram-se para, em vez de reatarem uma amizade do passado, se recriminarem por uma traição com nove anos, tema também já visto em As Velas Ardem Até ao Fim (1942) do húngaro Sandór Márai. Extraordinário o conflito psicológico entre o marido enganado e falhado, Trusotski, e o amante traidor e vitorioso, Velchaninov, com a ascendente superioridade moral do enganado na vitimização do traidor e constantes mudanças de atitude entre ambos.

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